No passado dia 1 de Fevereiro demos início à primeira intervenção de fogo controlado no baldio de Lamas de Ôlo e Dornelas. Tivemos o prazer de poder contar com o apoio do grupo de pós-graduação em Gestão de Fogos Rurais da UTAD e a honra da companhia do criador do LIFE Maronesa Heitor Fernandes.

A área de intervenção identificada para este baldio corresponde a uma extensão aproximada de cerca de uma centena de hectares, toda ela agregada com muito poucas quebras de continuidade e zonas de transição onde a densidade de arbustos diminua consideravelmente de forma a tornar a intervenção mais rápida.
Esta mancha é composta maioritariamente por giestal denso com altura entre um a 2 metros e meio sensivelmente, intercalado com carqueja e urze de menor dimensão (um metro de altura), mas igualmente denso e de difícil acesso para o gado e outros animais selvagens.
Este tipo de composição arbustiva de giestal, o seu avanço e expansão nas áreas marginais de montanha, é um dos problemas graves identificados pelo nosso projecto. Foi um dos principais vectores de propagação do fogo em Setembro de 2024 no baldio de Souto e Outeiro. A razão deve-se ao facto de após ultrapassar determinada altura no seu crescimento, deixa de ser do interesse do gado e de outros animais selvagens (a não ser alguns rebentos frescos mais acessíveis) e os custos de aproveitamento para camas de animais ou para a sua trituração com o recurso a máquinas, com a pedregosidade da serra, ronda preços incomportáveis para os compartes.
Para além do ensombramento que impede outras espécies, de maior interesse para o ecossistema, poderem germinar, crescer e competirem pelo acesso à luz solar, da libertação de carbono para a atmosfera e queima de matéria orgânica do solo quando consumida pelo fogo de Verão, estas áreas são um perigo para os residentes das duas aldeias, para o seus bens e o seu ganha-pão. Para manter as poucas pessoas que aqui vivem (e poder receber mais) e fazem a gestão do ecossistema do território, é imperativo e urgente actuar nestas áreas.

O plano operacional para converter estas áreas em pastagens junto das duas aldeias, envolve vários dias de trabalho devido há complexidade da morfologia do terreno e continuidade da vegetação disponível.
No dia 1, a primeira intervenção passou essencialmente pela identificação e criação de zonas de ancoragem nesta área para preparar futuras acções. Estas primeiras intervenções normalmente tendem a demorar mais tempo, é necessária alguma paciência porque é usada a técnica por pontos de ignição e gasta-se mais tempo a selecionar os pontos, a observar e acompanhar a progressão da chama do que propriamente a recorrer ao uso de mais combustível do pinga lume.
Com apenas dois dias de sol após as últimas chuvas, começámos o dia com poucas expectativas de sucesso relativamente à disponibilidade do combustível para arder.
Optou-se por começar a trabalhar numa zona de cota mais alta, com maior exposição ao vento e a Sul, de forma a garantir maior probabilidade em encontrar o material mais seco e disponível para consumo, do que noutros locais da área a gerir.
A operação decorreu com bastante sucesso para surpresa de todos, mas a entrada de humidade e algumas nuvens no início da tarde fez com que a iniciativa fosse interrompida mais cedo do que o previsto.
